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sábado, 22 de janeiro de 2011

Desaprender Mais Do Que Aprender.



Às vezes penso como teria sido bom ter nascido em um lar evangélico. Ter recebido a instrução das Sagradas Escrituras desde minha infância para não me desviar do bom caminho na minha maturidade. Penso como poderia ter sido diferente minha adolescência, minha infância, como poderia ter suportado melhor a morte de meu pai, mais uma vítima de um assalto na cidade tiroteio (Rio de Janeiro).

Pensamentos...conjecturas, especulações de uma vida que não volta mais.  

Mas aprouve Deus que até meus vinte e seis anos eu vivesse longe do estreito caminho e pela estrada larga do sexo, drogas e rock n’ roll acelerasse bastante. Muitas experiências nesses anos, acumulei certo aprendizado para, depois do meu tombo do cavalo a caminho de Damasco, começar a desaprender tudo que aprendi.

Esse pensamento foi um diferencial importante no início da minha conversão. Desaprender muito mais que aprender. Desaprender a ser um caçador primata atrás de todo quadril largo, desaprender a extravasar minhas angústias e fúrias no meu nariz (se é que me entende), desaprender a me justificar e nunca assumir meus erros, desaprender a mentir. Essas coisas, o Espírito Santo me convencia que realmente precisava desaprender. Porém, os seus “representantes” na Terra me diziam que eu tinha que desaprender mais algumas coisitas, do tipo: Desaprender a questionar, desaprender a criticar, desaprender a pensar por mim mesmo, desaprender a escolher por vontade própria, etc.

Certa vez escutei alguém dizer que Deus tiraria de mim somente o que não prestava. Gostei de ouvir isso, porém, depois de algum tempo, essa frase se tornou um tormento. Os anos se passavam e por dentro eu continuava a ser um questionador, meu espírito revolucionário continuava a bradar, no entanto, minha extrema vontade de desaprender a “rebeldia questionadora” e aprender a “submissão a liderança”, fazia com que eu me calasse, engolisse não apenas sapos, mas o brejo inteiro!

Eu estava sendo cauterizado por lobos dentro do rebanho, eu ainda acreditava que no ambiente eclesiástico as coisas eram diferentes do secular. Ledo engano! A meu ver são piores, pois se profana o que é santo, o nome de Deus.

Por conta desses conflitos, iniciei um trabalho de pesquisa, queria saber se somente eu tinha esses dilemas internos. Foi o início da minha libertação!

Como o conhecimento é libertário. Depois de conhecer a Apologética, o Senhor me conduziu a faculdade de Teologia, e hoje finalmente, estou começando a compreender o que é a Graça. A entender verdadeiramente o que é liberdade em Cristo. 

Então, foi aí, que descobri que iniciaria um novo processo de desaprendizagem. Desaprender todo equívoco teológico que me foi incutido nesses meus quatro anos de caminhada com o Mestre. Confesso que ainda estou em processo de libertação, vez em quando ainda me pego pensando como um seguidor do evangelho triunfalista pregado por aí. Só a Graça...

Desaprender todo sincretismo religioso e aprender a andar apenas com as Escrituras. Nada mais.

É nesse ponto que volto a pensar e entro em conflito com meu pensamento inicial desse texto. Será que realmente seria bom ter nascido em um lar evangélico?

Convivo com pessoas que foram criadas dentro de igrejas e tenho a impressão que não conhecem Deus nem de ouvir falar! Tanto legalismo por um lado, tanta falta de temor por outro. Eles carregam um fardo tão, tão pesado, e o meu Senhor afirmou que nosso fardo seria leve.

Minhas dificuldades hoje estão ligadas as minhas experiências antes de Cristo. A memória é uma ilha de edição, já diria Waly Salomão, e às vezes esses flashbacks são realmente uma pedra no sapato. Tanta cena promiscua que gostaria nunca ter presenciado.

É quando penso como poderia ter sido bom ter sido um evangélico desde minha infância. Mas logo vislumbro outros problemas que poderiam surgir. Imagine o estrago de trinta anos de legalismo, triunfalismo e sincretismo.

Começo o meu terceiro período de teologia, estou ansioso pelo retorno as aulas. Ansioso para desaprender mais coisas em 2011, e depois que eu estiver completamente vazio, pela misericórdia do Pai, me encher e transbordar do conhecimento e da Graça como nos instruiu o apóstolo Paulo. Buscando o dom do amor, da sabedoria, da palavra do conhecimento e do discernimento dos espíritos, para servir ao corpo de Cristo com relevância.
Porque no final das contas, tudo isso se trata apenas disso. Servir aos outros.

Deus abençoe!

Marcello Comuna.

5 comentários:

  1. Rapá.. parabéns... realmente Mt bom.. gostei msm!! muito bom esse post.

    Só uma coisa que eu reforçaria, claro que isso está aberto a interpretações pessoais e subjetivas, mas somente enfatizo que vc, e eu não fomos totalmente cauterizado por lobos, vc até seguiu alguns,e eu tb, mas tiveram ovelhas, digo isso não por nada, mas por conhecer pessoas que foram completamente cauterizadas até a última molécula do osso por lobos, e ve-las como estão hoje, meu amigo.. imagine uma vítima sobrevivente de bomba nuclear, ou de uma mina explosiva, sim digite isso no google e vá em imagens, e o que vc ver será exatamente como essas vítimas de lobos estão na sua alma. Nós.. nós até que nos arranhamos um bocado, nos machucamos, choramos, mas nossos membros até que estão inteiros, porém outros, que serviram de alimentos para lobos, estão chocadamente despedaçados, uns inclusive morreram dessa forma, e os sobreviventes, que não vivem mas sobrevivem,e quem irá restaurá-los? As Pessoas se mobilizam para enviar alimentos para a região serrana que foi vítima de uma tragédia, corretíssimo isso, me alegro toda vez que vejo uma caminhão cheio de alimentos sendo enviados para lá, tem uma cruz vermelha perto da minha casa e estão enviando alimentos todos os dias, mas será que estamos enviando a quem possa restaurar a casa das vítimas da tragédia dos lobos devoradores? Construtores dessa edificação desestruturada? E que estão construindo não uma casa na areia, mas na lama? Porque sim, seus corações estão cheio de lama, cheio de entulhos. Muitos foram avisados que se tratava de uma área de risco, outros nem tinham conhecimentos, estavam talvez incluidos no grupo do "erro sincero", mas enfim, de onde virá o soccoro?
    Envia-nos a nós, Envia-me a mim, para enviarmos alimentos, e restaurar o abrigo, sermos condutores de ajuda de verdade, divina, para que no futuro nossos filhos possam se alegrar em dizer que nasceram em um lar cristão, e não terem que derrubar toda a sua casa e terem que construir em um outro lugar, porque haverá deslizamento.

    Abçs!!!.

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  2. Gostei do seu artigo, já pensou ser Evangélico desde criança?? rsss
    Ah, gostei do que esta escrito no seu perfil como:
    Defensor da Graça e da Liberdade em Cristo, porém atendo para não fazer da Graça desgraça e da liberdade libertinagem. Como Paulo orientou: "Mantendo a paz com todos sempre que possível." Muito bom. Paz!

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  3. Marcello mano querido, graça e paz!

    Muito bom o texto...
    Desaprender faz parte do processo de aprendizado, pois deixar valores que foram impregnados em nosso caráter e conduta, requer o esforço e a capacidade de re-significar o que estava sem significado.
    O mano Paulo passou por esse processo: "Mas, o que para mim era ganho, reputei-o perda por Cristo.E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo" Fp 3:7,8
    Gostei da frase:""Jesus é a manifestação do caráter subversivo de Deus"

    Um abração, mano de subversão...

    Franklin Rosa

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  4. Amada Rô,
    Curti a vibe do seu blog. Meu total apoio a subversão feminina. É divino a sensibilidade feminina com radicalidade do evangelho genuíno.

    Abraços fraternos, fique a vontade irmã.

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  5. Franklin,

    Exatamente isso. Re-significar. Verbalizou bem.
    Como Paulo, tb considero "mierda" braba algumas memórias que não se apagam.

    A casa é nossa. Fique a vontade.

    Abração do mano Comuna.

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