SUBVERTA

Pesquise as verdades primitivas aqui.

terça-feira, 31 de maio de 2011

EM BUSCA DO EQUILÍBRIO PERDIDO: A relação entre a Igreja Evangélica e a Ditadura Militar.




Thiago Lima Barros

Num fim de tarde de domingo, comecei a cascavilhar, nos sítios e blogs da vida virtual, informações sobre a indigesta relação entre a igreja evangélica e as facções beligerantes à época da malfadada e tenebrosa quartelada de 1º de abril de 1964. Gosto de ler sobre determinados temas assim, de bate pronto, sem nenhuma programação anterior, a título de brainstorming individual. Como diria Riobaldo, “todo dia isso faço, gosto; desde mal em minha mocidade”.

Foram textos para todos os gostos, de todos os matizes político-ideológicos existentes em nosso meio. Um dos mais célebres é o ensaio “Verdades e mentiras sobre o Golpe de 1964, a Ditadura Militar e a postura dos evangélicos à época”, de autoria do pastor assembleiano Silas Daniel, bastante replicado na blogosfera e ainda incompleto, onde o autor procura justificar o posicionamento assumido pelos crentes de direita ao apoiarem o governo dos generais. Repleto de citações de aliados dos militares, e sem nenhuma oitiva dos integrantes do outro lado, o autor delimita bem a sua posição pró-golpe.

Do lado oposto, as substanciosas matérias “A vida nos anos de chumbo”, da revista Cristianismo Hoje, e “A fé debaixo dos coturnos”, da sua congênere Eclésia, relatam o alinhamento automático de boa parte dos clérigos evangélicos brasileiros com as atrocidades praticadas pela repressão civil-militar, as perseguições e traições dentro das igrejas (contexto no qual os metodistas são apontados como a única denominação brasileira a pedir perdão pelos pecados praticados por seus membros em prol da repressão) e o contubérnio macarthista entre os ditadores de plantão e quase todas as grandes confissões protestantes, que também resultou na tortura e morte de muitos cristãos da época. 

O término dessa leitura me fez constatar uma realidade triste, desoladora mesmo: os evangélicos não souberam escapar da polarização daninha estabelecida na sociedade da época. Naquele período de radicalização política estéril, consequência direta da Guerra Fria, a mesma polarização alcançou a igreja de forma avassaladora. Anos-luz antes de João Alexandre compor “É proibido pensar”, os cristãos dos anos 60 e 70 se guiaram por essa lógica: aderiram a esquemas seculares prontos e acabados, sem questioná-los e sem submete-los, de maneira séria, ao crivo da Palavra de Deus.

À mesma conclusão chegou o Rev. Alderi Souza de Matos, historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil, que assim se expressou na matéria da Cristianismo Hoje:

Havia muito radicalismo, muito extremismo. Na minha avaliação houve excessos de ambas as partes: tanto dos conservadores, que se apossaram do poder na igreja, quanto da oposição, vinculada ao movimento social, ao ecumenismo e ao liberalismo teológico. (…) Era uma época de muita tensão, confrontação, polêmica e polarização; não era fácil alcançar equilíbrio.

É evidente que os resultados foram desastrosos: de um lado, os puristas, defendendo um salutar retorno à ortodoxia, mas com a perversa contrapartida de perseguir os dissidentes, ao invés de chamá-los para o diálogo e a admoestação, além de compactuarem com os ditadores, que violaram a hierarquia militar e usaram a máquina estatal para matar e torturar milhares de concidadãos. Do outro, os liberais e esquerdistas, que se esforçaram por revelar as iniquidades do regime de exceção, mas se esqueceram da obediência à Palavra, enredando-se em heresias frontalmente opostas à Bíblia, como o ecumenismo inter-religioso mais deslavado, adotado, inclusive, como pressuposto teológico pela Igreja Presbiteriana Unida do Brasil.



Mais triste é perceber que esse quadro perdura até hoje, pois a alienação do período ditatorial trouxe pelo menos dois efeitos perniciosos à Noiva de Cristo. Um, a continuação desse esquema conservador podre, que estourou nos episódios vergonhosos de manipulação política em que nos vimos enredados nas Eleições de 2010. O outro, consequência do primeiro, foi o enfraquecimento da coesão interna em torno de temas mais importantes que os deste século (fortalecimento do ensino teológico, prática integral da diaconia, crescimento da obra missionária), o que levou a um afrouxamento do combate à apostasia e ao surgimento e posterior explosão demográfica das igrejas desviantes pseudo-pentecostais, às expensas da paralisia da verdadeira Igreja.

Pessoalmente, sou admirador dos dois bandos contendores, mas não posso deixar de analisar, à luz da Bíblia, sua vivência cristã capenga: os ortodoxos amavam a Deus sobre todas as coisas, mas odiavam o próximo que não pensava igual; os liberais foram sal da terra e luz do mundo ao derrotar política e moralmente a ditadura opressora, mas abraçaram heresias de perdição (2Pe 2:1).

Esta pode até ser considerada uma visão particular do contexto histórico da época, mas procura ao menos ser bíblica. O Nosso Deus não está ao lado de partidos ou facções predeterminados. Reduzi-lo a isso é tentar sistematizá-lo em categorias humanas, o que é impossível, além de ser uma grosseira ofensa Àquele que não faz acepção de pessoas (Ef 6:9). Antes de qualquer coisa, submetemo-nos ao primado da Palavra de Deus, o que não nos impede de tomarmos partido na luta política, à esquerda, à direita ou ao centro, sempre tendo em mente o cuidado de contrastear todas e cada uma das ideias que nossos partidos preferidos defendem ao que o Pai nos fala através do Livro dos Livros, rejeitando aquelas que entrem em confronto com as verdades eternas.

Não é essa, porém, a lógica que guia o pensamento majoritário da liderança eclesiástica tupiniquim, que se orienta por um pensamento meramente utilitarista, o qual encontra eco na membresia de maneira acrítica e irrefletida. Pouco importa se a Constituição de 1946, vigente à época, foi rasgada, os direitos e garantias individuais, abolidos, se pastores e líderes foram despojados ou jubilados sumariamente, se membros foram delatados aos verdugos do DOI-Codi pelos próprios “irmãos” de fé, etc., etc. e etc. O que vale é que Gizuiz (royalties para o Danilo Fernandes) nos livrou da “hidra vermelha”, que só existia na cabeça de alguns. A Bíblia? Ora, a Bíblia...

O fato é que, até hoje, muitos irmãos caem na esparrela reacionária de que o Golpe de 64 e a repressão que se seguiu dentro e fora das igrejas foram males necessários para evitar o florescimento de um regime comunista ateu em nosso país, ou mesmo para expurgar o ambiente eclesiástico de livres pensadores heréticos e descompromissados com a verdade. 

Nada pode ser mais falso do que uma interpretação rasa como essa. Aos fatos: o governo de João Goulart caiu por ferir interesses poderosos, a saber, de empresas multinacionais, empresários brasileiros e governo norte-americano, os mesmos que levaram Vargas ao suicídio, e ambos, juntamente com Leonel Brizola, todos estancieiros ricos e capitalistas rurais fervorosos, eram apenas sensatos: queriam salvar nosso capitalismo de araque, dependente químico das benesses estatais, de sua própria ineficiência. Algo que Lula fez eficientemente em seus dois quadriênios, nos quais a igreja não só foi suficientemente livre para pregar seus múltiplos evangelhos (o autêntico e os falsificados), como também o foi para se opor às iniciativas que tendem à restrição de nossa liberdade de culto, a exemplo do PLC 122, além de meter os pés pelas mãos em 2010, caindo na lábia conservadora da máquina de difamações do PSDB paulista.

No que concerne à igreja, o argumento também é despropositado, e por dois motivos:

1) Jesus descreve em Mateus 18:15-17 o procedimento para se combater individualmente o erro no ambiente eclesiástico: “Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão; mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano”. O iter é longo e ponderado, obedecendo a uma rigorosa gradação, justamente para evitar precipitações e injustiças. O que os adeptos de Jeová Cerol (mais royalties para o Danilo Fernandes) fizeram foi justamente trazer a última etapa descrita pelo Salvador para o início do processo, acusando, mentindo, assassinando reputações, enxovalhando pessoas em nome da ortodoxia, ou melhor, da ortodoxolatria. Ora, um crente em Jesus jamais deveria adotar os métodos da Inquisição romanista para perseguir seus iguais. Tal sabedoria, cheia de amarga inveja e sentimento faccioso, como bem sustenta Tiago, é “terrena, animal e diabólica” (Tg 3:15).

2) A Igreja Militante não deve compactuar com quaisquer violações à Palavra de Deus, em primeiro lugar, e ao ordenamento jurídico nacional, nem se guiar pela lógica pragmática mundana do “mal necessário”, que também atende pela alcunha de “os fins justificam os meios”. Na Bíblia Sagrada, tanto os meios quanto os fins devem guardar uma escrupulosa relação com a vontade soberana de Deus para o homem. Ou seja, não se justifica o cometimento de um ou mais pecados para se defender a fé ou a sociedade. Essa mentalidade pragmática com aparência de piedade só pode ser oriunda da mente do próprio Satanás, que a urdiu para melhor atrair os fariseus e integristas para a sua ciranda.

O chamado de Deus é para o equilíbrio. Davi nos lembra, no Salmo 83, como deve ser a postura e um servo de Deus diante de fatos como esses: “A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram. A verdade brotará da terra, e a justiça olhará desde os céus (Sl 83:10-11)”. Após ler este texto, Carlos Drummond de Andrade o resumiu de maneira autêntica: “o outro nome da paz é justiça”. Quase nunca conseguiremos ser imparciais em nossa existência terrena, mas temos a obrigação de sermos isentos e honestos em nossas análises. Se conseguirmos agir de tal forma, o Reino de Deus, que é “justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo (Rm 14:17)”, formado por irmãos tão diferentes em matéria de pensamento, mas unidos pela sujeição a um Deus amoroso e amantes da Sua Santa Palavra, construirá uma igreja limpa dos fermentos ideológicos, concentrada em fazer discípulos, batalhar pela fé e ser sal e luz, dando ao mundo uma ligeira, mas efetiva demonstração do que será o Milênio de Cristo.

Devemos, enfim, ser bereanos também em matéria de política, pois os engodos e cantos de sereia dos dois extremos do espectro ideológico foram (e são) sobremodo sedutores para os incautos. Inclusive os da direita, quase esquecida, tão pouco criticada, mas acostumada a lançar mão da brutalidade, física ou não, para manter o status quo, além de ser hábil em confundir os interesses mais vis de sua vã filosofia com os ensinamentos do Nazareno, o que acaba nos “presenteando” com os Olavos de Carvalho e Júlios Severos da vida.


Thiago Lima Barros é Diácono da Igreja Bíblica Nova Aliança (Maceió/AL), Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Alagoas e servidor do Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas.


domingo, 29 de maio de 2011

Os Seguidores de Maquiavel e os Seguidores de Cristo


Por Marcello Comuna
"E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha.
Então Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão.
Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos?
Como, pois, se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça?" Mateus 26. 51:53

Nicolau Maquiavel escreveu em sua obra prima, O Príncipe, a frase mais famosa de sua vida: “Os fins justificam os meios”. Esse livro é um manual da política, escrito por Maquiavel na esperança de se reconciliar com aristocratas de uma dinastia deposta que anos depois retorna ao poder.

Jesus Cristo foi Deus encarnado andando entre os homens anunciando a vinda de um novo reino, onde as regras desse mundo atual não seriam aplicadas nesse reino vindouro. Jesus andava entre pobres e ricos, incautos e letrados, pagãos e religiosos. Jesus fez muitos discípulos em vida e também pós morte, um dos mais famosos e respeitados foi Paulo, que orientava os discípulos de Cristo a: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” Romanos 12:2

Essa semana a Bancada “Cristã”, entenda-se evangélicos e católicos, deu um xeque mate no Movimento Político Homossexual liderado pelo LGBT. Aplicando em sua essência os princípios ensinados por Maquiavel - os fins justificam os meios - os “cristãos” chantagearam (leia aqui) a presidenta Dilma a retirar o famigerado Kit Anti Homofobia da pauta do Ministério da Educação. A proposta do MEC era distribuir vídeos e outros materiais apologistas ao homossexualismo nas escolas públicas de todo o país sob o pretexto de conscientizar crianças dos males dos preconceitos aos gays, e mais, desconstruir desde cedo nas mentes de nossas crianças o conceito da heteronormatividade.

Como todo cidadão brasileiro preocupado com a família, fiquei feliz com o veto da presidenta ao "Kit Gay", porém, essa felicidade veio acompanhada de uma vergonha gigantesca. Vergonha em ver o nome de Jesus Cristo ser jogado na lama por esses deputados que levantam a bandeira de um cristianismo pirateado, confundindo a mente de quem não conhece os verdadeiros ensinamentos de Jesus, o Jesus das Escrituras, o Jesus que ordenou que Pedro guardasse a sua espada, mesmo que a mesma fosse desembainhada por uma boa causa.

“Mas tudo isso aconteceu para que se cumprissem as Escrituras dos profetas. Então todos os discípulos o abandonaram e fugiram.” Mateus 26.56

Contudo, esses fatos são cumprimentos das Escrituras. Os lobos, a apostasia, tudo isso nos foi pré-escrito que aconteceria. Porém, o que me entristece mesmo é ver gente sincera sendo enganada por esses que já apostataram da fé há muito tempo. Um cristão genuíno aplaudir essa manobra maquiavélica e ANTI BIBLICA me preocupa. Eu sei, isso também está escrito, Satanás agirá com astúcia para enganar até os próprios eleitos se possível.

Não vou gastar o meu tempo batendo nesses políticos que se auto-intitulam cristãos, repito o que disse Paulo certa vez: “Já os entreguei a Satanás”. Esses são os que fugirão quando a verdadeira perseguição ao cristianismo começar. Não adianta bater o pé, fazer beicinho. Ela irá começar porque está escrito que assim será!

Meu apelo é para você gente boa de Deus. Pense com o seu espírito, não com o seu coração enganoso cheio de justiça humana. Você consegue ver Jesus de pé aplaudindo essa manobra suja? Você consegue ver O Santo dos santos aplaudindo homens ditos cristãos, que foram eleitos para criar leis para defender a família sim, mas também para investigarem toda sombra de corrupção, barganhando interesses e fazendo vista grossa para o suposto enriquecimento ilícito de uma autoridade do Estado? 

Esse homens não são protetores da família. São traidores da nação! 

É bom que naquele dia não haja sangue em nossas mãos, diz as Escrituras. Sangue eu não sei se tem nas mãos desses deputados, mas com certeza se acumulou uma boa quantidade de estrume debaixo de suas unhas.

Quem aplaude essas atitudes talvez ache normal fazer um evento evangelístico em uma praça usando uma “gambiarra” no fio da Light. Afinal, o que importa roubar luz se o propósito é evangelizar? Os fins justificam os meios...

Todos os que lançam mão da espada, à espada morrerão. Todos os que lançam mão da corrupção, à corrupção perecerão.

Quem aplaude essa atitude imunda desses parlamentares ditos cristãos, não pode mais pregar sobre santidade, moral e ética. Se abrires a boca para tal, fique certo que Jesus lhe dirá: “Porque vê o graveto no olho do seu irmão e não enxerga a trave no seu? Hipócrita! Primeiro tire a trave do seu olho...”

Amigos, Jesus nos recomendou “observar essas coisas, mas sem desprezar aquelas”.

Não posso de maneira alguma, mesmo estando feliz com esse breve veto do kit gay, fechar os olhos para os meios anti-cristãos que foram adotados para tal feito. Ou como diria minha mãe: Um erro não justifica o outro.

Não é porque o kit gay é um erro contra a família brasileira que eu estou habilitado a usar de maneira erradas para erradicá-lo. Isso não cabe no reino de Deus nem na ética social. Se assim for, todo aquele que quiser se levantar com Robin Hood deverá ser adulado por nós.

Pense nisso.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Batismo de Angústia


Por Marcello Comuna
Os amigos que tem acompanhado os meus textos sabem que eu sou insistente na tecla da auto avaliação. Persisto nisso porque tenho total convicção que essa é uma estratégia eficiente para confrontar nossas motivações e nos guardar de tropeços.

Esse ano lamentei profundamente a morte de David Wilkerson, um dos poucos grandes profetas pós modernos. As pregações dele marcaram profundamente minha mente e suas mensagens juntamente com as de Paul Washer, me estimulam a andar com o espelho bíblico diante de mim. Hoje pela manhã, no balançar do trem rumo ao trabalho, vim lembrando do batismo de angústia que Wilkerson dizia ser necessário passar para compreender, mesmo que num pequeno vislumbre, o tamanho da agonia que Deus sente pela humanidade corrompida.

Comecei a me avaliar. Comecei avaliar a coerência entre meus sentimentos, atitudes, motivações e meus textos. Às vezes eu quero escrever algo mais “up”, mas simplesmente não consigo! Sempre que estou concentrado em meus escritos, uma terrível necessidade de chamar a atenção para a terribilidade de nossa miséria humana me invade.  Hoje comecei a investigar os últimos anos da minha vida com Cristo, e mesmo tendo sofrido uma notória transformação de caráter, abandonando algumas práticas que me distanciava do Pai, percebi que apesar de estar antenado intelectualmente no fracasso da humanidade, estou apático sentimentalmente a todo caos ao meu redor. Percebi que eu nunca chorei ao ver uma criança dormindo na rua, nunca perdi o sono por lembrar que seres humanos como eu não tem onde dormir, nunca perdi a fome por lembrar que outras pessoas comem os restos de comidas nos lixões. Talvez essa indiferença seja fruto do meio, do pandemônio em que vivemos ou quem sabe, a nossa predisposição egoísta. De qualquer forma, há uma grande necessidade de um batismo de angústia divina sobre todo aquele que se auto proclama um cidadão do Reino de Deus.

Cristo desceu a terra e enfrentou o maior de todos os desafios por que não suportou olhar nossa jornada rumo ao inferno sem nenhuma esperança de salvação. Ele se importou de tal forma que rompeu os limites do imaginável e entrou no inimaginável. Nenhum ser humano em perfeito juízo seria capaz de inventar uma história como a do Messias.

E aqui estamos nós, declarando aos quatro ventos que somos pequenos cristos, mas caminhando sentimentalmente indiferente a toda miséria humana sobre a terra.

Wilkerson cita em sua pregação, o batismo de angústia dos grandes profetas da bíblia, que antes de assumirem seus ministérios, foram imersos em um mar de angústias ao ponto de chorarem, rasparem suas cabeças, cobrirem-se de pano de saco para evidenciar sua enorme angustia pelo povo que padecia. Nesse instante, veio a minha mente Jeremias, Isaias, Habacuque...

Habacuque gritou em desespero: “Até quando, Senhor, clamarei por socorro, sem que tu ouças? Até quando gritarei a ti: Violência!Sem que tragas salvação? Por que me fazes ver a injustiça, e contemplar a maldade? A destruição e a violência estão diante de mim; há luta e conflito por todo lado.” Habacuque 1 vs 2:3
Nós nos isolamos em nossas igrejas, sejam as grandes instituições ou pequenas células orgânicas, não interessa! Tenho andado enfadado de gente que só sabe criticar e destruir, sem construir nada, ou ao menos, chorar literalmente de angústia por toda essa vergonha evangélica que se espalha. Sua apologética é estrume se você anda como um cyborg diante da falência global. 
Ah, meu Deus! Como somos hipócritas! Como podemos falar de “A” e “B” nos justificando em nosso zelo com a genuinidade da letra, porém, caminharmos com um coração endurecido pela maldade que assola a terra. O maior zelo que podemos demonstrar para com as Escrituras é praticar o seu mandamento maior: O amor.
As notícias de atrocidades não nos impactam por mais de cinco minutos! Nem eu e nem você lembramos mais das crianças mortas naquela escola em Realengo! Nos tornamos insensíveis demais, frios demais, calculistas demais, demagogos demais. 
Há cinco anos eu luto para matar mais e mais o velho Marcello que há em mim e fortalecer o novo Marcello que nasceu em Cristo. Mas é tão difícil... É tão difícil chorar de verdade com os que choram. 
Minha conduta moral correta não me é mais suficiente. Eu preciso de mais, preciso desesperadamente sentir o amor que Deus sente pelos perdidos, pelo menos uma parte do amor que O fez subir naquela cruz por alguém que era tão sujo como eu.
Não me chame mais de homem de Deus só porque eu não prático os famosos pecados capitais ou escrevo alguma coisa relevante. Deus fala através das mulas. Não me meça por isso. 
Nem eu e nem você somos dignos de ser chamados de homem e mulher de Deus antes de passar pelo batismo de angústia que nossos irmãos profetas bíblicos passaram.
Entenda que toda obra feita para o Reino por pura consciência moral ou costumes não suportarão os olhos fumegantes do nosso General. Apenas as obras que brotam alicerçadas no amor resistirão ao fogo da prova Jeovática. E não há como sentir um amor divino pelo mundo sem antes sentir uma angústia por toda miséria física e espiritual a nossa volta.
Um batismo de angústia é o caminho mais curto para se tornar um cristão relevante. Se você tiver coragem, ore a Deus e peça-o! Deseje sofrer uma terrível inquietação por saber que existem milhares de lugares onde a bandeira do nosso Rei não é tremulada. É sobre essas dores que somos convidados a sermos participantes. Não se trata de espinhos e chicotadas, é muito mais profundo, é a angústia na alma que fez o Cristo suar gotas de sangue.
Eu já tomei minha decisão. Anseio por esse batismo, anseio deixar de ser um demagogo hipócrita galopando sobre belas pregações e belos textos.
Quero que meu espírito seja relevante no mundo espiritual para que minha carne também alcance essa estatura no mundo físico. 
Deus nos ajude e nos batize. Amém?

sábado, 21 de maio de 2011

Ortodoxo



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Ortodoxo
 (Com  "participação" de Caio Fábio)
Ortodoxo. Paradoxo... Aos ídolos.

Não vim fazer fã, meu afã... Fazer discípulo,

Pra Cristo Jesus, a videira.

Pois todo o ramo que estando nele não produz, é cortado.

Amaldiçoado... Como a infrutífera figueira.

Não tornou-se insosso, todo o sal.

Apesar do esforço. Jezabel insistiu, mas somos dois dos sete mil...

Que não se dobraram a Baal, À indústria.

Preso a clausulas contratuais, enquanto o mundo jaz... Em tantos ais, angústias.

Vim pelo vil pecador.

Ou por mais que rime. Serei o metal que soa. O sino que tine... E não tiver amor.

O palco não é minha passarela. Sim meu púlpito.

A graça impede que eu faça como goelas. Corruptos.

Quando terminar o show, eu começo o culto.

Não. Gospel não sou. Nem top, pop, artigo de shopping... Mero produto.

Busco versos divinos. Como o louvor dos pequeninos... A perfeição.

Genuíno, como o hino... De Paulo e Silas na prisão.

Mas o indiferente.

Tem outro propósito, só toca mediante depósito... Em conta corrente.

Nunca se contenta.

Que Deus dê visão, a Balaão... Mesmo que pela boca duma jumenta.


Quem multiplica ou subtrai, trai... Os fundamentos.


Da mentira extrai. Novos mandamentos.


Torcem as palavras do Deus vivo, com o que é nocivo... Tóxico.

Eis o motivo. De sermos ortodoxos.


Ortodoxo. Paradoxo... Aos hipócritas.

Onde estão os flashes, e o cash... È a órbita, Dessas estrelas.

Mas de alto a baixo, sem facho... Vejo Deus desfazê-las, Com suas mentiras.

Vendeu-se por quanto? Não tente dar volta no Espírito Santo... Como Ananias e Safira.

Minha herança é o Senhor.

Sou da tribo de Levi, vim servir... Estou ao dispor, O suplantador. Bota pilha.

Mas mantenho a postura, não trocarei minha primogenitura... Por um prato de lentilha.

Extremista. Mista doutrina. Não engulo.

Multiplica ou subtrai ao que a Bíblia registra? Pra mim é nulo, Não me envolve.

Pois o que li em Atos, não foi esse evangelho inexato... Barato R$ 1,99.

Te ofereço sem mistura, na mais pura essência.

De acordo com a escritura. Não se molda, segue moda... Ou tendências.

Sem meios termos, meias palavras. Favas contadas... Pelo o impostor

Inverdades propagadas, pelo pseudo-pastor. Vãs filosofias, sofismas.

Ele disse? Tenho cá minhas cismas.

Uma lástima. Seria se a bíblia eu não lesse. 
Seja anátema, quem pregar outro evangelho além desse.     
Música da dupla dinâmica U-Sal (Últimato a Salvação)


terça-feira, 17 de maio de 2011

Severas Afirmações Hipócritas



Por Marcello Comuna
“O objetivo desta instrução é o amor que procede de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sincera.
Alguns se desviaram dessas coisas, voltando-se para discussões inúteis,
querendo ser mestres da lei, quando não compreendem nem o que dizem nem as coisas acerca das quais fazem afirmações tão categóricas.” 1º Timóteo 5:7

Propositalmente quero ignorar a hermenêutica e aplicar esses versos para corroborar minha reflexão. Calma! Prometo não criar heresias. Presenciei uma situação e imediatamente esses versos vieram à minha cabeça.

Identifico-me com a linha de pensamento que a igreja deva se relacionar com a cultura e sociedade ao seu redor rompendo com esse modelo dominante de subcultura da bolha evangélica. Sendo assim, tenho muitos amigos que não pertencem à igreja e assim, tenho a oportunidade de escutar diversas opiniões de como o “mundo” enxerga a igreja e temas espirituais.

Lembrei-me de uma conhecida e suas severas críticas a uma vizinha cristã por conta de alguns comportamentos que segundo ela, não estavam de acordo com uma vida devocional a Deus.
No entanto, essa conhecida não tem nenhum conhecimento teológico ou ao menos conhece as primícias do Evangelho, mas conseguiu criar um linear do que é ser uma pessoa cristã e fazer seu julgamento.

O mundo observa a igreja e faz severas afirmações sobre o povo de Deus. Eles não compreendem o que falam, mas ainda assim fazem asseverações sobre dogmas, fé, relacionamento com Deus, salvação, reencarnação, céu, inferno e etc.

O mundo se farta dos seus próprios conselhos e a velha sabedoria popular ou iluminista fazem um esforço pastoral para guiar as pessoas à iluminação, porém, sem sucesso. O mundo está em chamas e a igreja que deveria ser a água para apagar o fogo, permanece irrelevante, poucos bravos bombeiros se esforçam, mas é difícil apagar um incêndio com copos d’água. Na verdade, na maioria das vezes, servimos como gasolina para fogueira caótica universal.

O mundo em sua ignorância faz severas afirmações sobre a igreja e a culpa é nossa. Tiremos a máscara! Nós falhamos! Assumamos a culpa, arrepende-monos, tomemos outro rumo! O mundo enxerga através da vitrine e os nossos vidros estão embaçados. Queremos demonstrar amor, mas só conseguimos demonstrar intolerância, dogmas, regras.

Quando conseguimos trazer o mundo para dentro da igreja, o enclausuramos dentro de uma armadura moral, dogmática, que não tem um valor efetivo contra o pecado. Depois de um tempo, aquelas prostituas, gays, viciados, adúlteros, estelionatários, entre outros praticantes dos sete pecados capitais, estão viciados em outros pecados; os religiosos. A verdade só liberta quando vem acompanhada de amor, verdade sem amor se torna imposição autoritária.

Conhecemos a Verdade, mas não somos donos dela.

Por que falhamos? Por muitos motivos. Porém, um claro na minha mente é que estamos cada vez mais parecidos com fariseus do que com Cristo. Isolamos-nos em nosso hipócrita clube santo cheio de gays encubados, adúlteros, invejosos, estelionatários, maçons, enfim, entre outros seres humanos; e nos tornamos irrelevantes para a sociedade. A sociedade não escuta nosso berro de Amor, mas escuta nosso grito moral egoísta defendendo nossos interesses particulares.

Por que nunca fizemos uma cruzada anti-drogas, corrupção, miséria, violência? Porque isso não mexe no nosso estatuto eclesiástico! Mas casar gays...aí não! Como disse inicialmente, sou um cristão ortodoxo, mas essa hipocrisia me enoja. Sei que há gente sincera preocupada com a ditadura gay que estão querendo implantar em nosso país, com essa casta diferenciada. Eu também estou receoso e faço coro contra a PL 122, mas meu chapa, eu sinto cheiro de oportunista de longe, tem muitos pegando carona nessa campanha pensando nas próximas eleições. Não vou aplaudir filho da ditadura por conta de termos um ponto de vista em comum, as motivações precisam ser avaliadas. O princípio de Maquiavel - os fins justificam os meios - não se aplica ao Reino de Deus. Deus está olhando o coração de todos nós. Desculpe, desabafei.

Voltando a igreja...

Mudanças radicais precisam ser feitas, mas alerto, antes de qualquer mudança operacional, litúrgica, evangelística, relacional, política e assistencialista, precisamos verificar a genuína conversão à Cristo.

O princípio de qualquer relevância em nossa obra cristã passa por uma conversão genuína de todos os homens que se auto-intitulam cristãos.

Enquanto a igreja não se encontrar com o Cristo do Caminho, o mesmo que reformulou o fariseu Saulo e o transformou em Paulo, o apóstolo mais relevante das Escrituras; permaneceremos nessa inércia, que com certeza, enoja e ofende a Deus tanto quanto a desconstrução da heteronormatividade.

Deus nos perdoe e nos desmascare.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Saia da Bolha!


Por Marcello Comuna
“E por isso também Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora da porta.
Saiamos, pois, a ele fora do arraial, levando o seu vitupério.” Hb. 13:12-13

Esse texto é uma conclamação ao chamado de estabelecer sobre a terra o Reino de Deus. Um chamado para fazer avançar a grande comissão do nosso General.

Assim como Cristo padeceu fora das portas da cidade, é nosso dever padecer fora das portas da nossa instituição eclesiástica para com todo o esforço ser relevante nessa geração. Mesmo que se relacionar com a cultura ao nosso redor seja desconfortante, é nossa obrigação de fazê-lo. Servir ao chamado não é estar num parque de diversões!

Não me cabe julgar as coisas passadas na igreja, eu não estava lá, sou uma pequena ovelha caminhando apenas há cinco anos com o Bom Pastor.

Então eu vou me ater em falar do que observo nesses cincos anos.

Venho de um meio cultural. Envolvido com música, grupos de poesias, teatros e afins. Um grande choque na minha conversão foi aprender a lidar com a subcultura evangélica. Nunca compreendi bem essa separação entre mundo e igreja. Ao ler as Escrituras, as recomendações para não se associar com as “coisas” do mundo eram claras na minha mente. A instrução era para não agir promiscuamente como o mundo age, porém, parecia que a maioria das pessoas ao meu redor estavam satisfeitas com a interpretação de que os cristãos devam ficar isolados dentro de uma bolha eclesiástica, sob o pretexto de protegê-los das investidas de satanás através do mundo. Ora, está mais do que provado através dos fatos que essa estratégia não deixa ninguém mais santo ou temeroso ao Senhor, pelo contrário, cria um monte de monstrinhos exclusivistas e preconceituosos com todos que não façam parte do seu clubinho.

Não é a toa que a sociedade ainda enxerga o povo de Deus como seres alienados, e não é só por nossa convicção em assuntos polêmicos como sexo antes do casamento e aborto, mas por que o rebanho evangélico é mal informado, não se relaciona com a cultura ao seu redor.

C. S Lewis costumava dizer que um cristão deve andar com a Bíblia em uma mão e um jornal na outra. É obvio! Como ser relevante em nossa comunidade se não compreendemos o contexto cultural que estamos inseridos?

Na excelente e desafiadora obra Reformissão, Mark Driscoll sugere que a igreja hoje deva encarar o evangelismo local como obra missionária. Reformissão (reformar a missão) seria enviar missionários primeiramente em nossa cultura local. Aplicar ao nosso evangelismo o mesmo conceito que missionários aplicam em terras estrangeiras, se relacionando com a cultura, se tornando amigo das pessoas, criando um vinculo de amizade, e em um segundo momento apresentando a fé, mas acima de tudo, amando as pessoas independentes se aceitarão a Cristo, se mostrando relevante para aquela comunidade. Mas que fique claro que isso não significa abandonar as missões internacionais. Veja o que Driscoll descreve sobre o conceito de reformar a missão.

“A reformissão é um chamado radical para que os cristãos e as igrejas cristas retomem o compromisso de viver e comunicar o Evangelho, e para fazê-lo sem ceder às pressões para comprometer a verdade do Evangelho, ou sem segregar o seu poder à segurança do interior da igreja. O alvo da reformissão é liberar continuamente o Evangelho, para que este faça a sua obra de reforma das culturas dominantes e das subculturas das igrejas.”

Hoje o que acontece nas igrejas é que primeiro queremos enfiar Jesus goela abaixo nas pessoas, e só depois disso nos tornamos “amigos” delas. Até investimos um tempo, mas se elas forem resistentes ao evangelho, viramos as costas com nossa hipócrita consciência tranquila pensando que elas não eram predestinadas. Ora, não foi isso que Cristo nos ensinou!

Ele deu o exemplo, Ele se relacionava com os fariseus (religiosos ou crentes) e também com os loucos. Ele estava totalmente inserido na cultura local de sua cidade. E instruía os seus discípulos a se relacionar com a comunidade. Vêm e vê! Dizia o Mestre.

Eu observo o contexto de igreja na sociedade e choro amargamente por sua irrelevância, e digo sem medo de ser feliz que Cristo também chora como chorou por Jerusalém no passado!

A igreja precisa se relacionar com sua comunidade, precisa se tornar atraente com uma contextualização do Evangelho, porém, mantendo-se fiel as verdades das Escrituras. Precisamos estar comprometidos por completo no evangelismo relacional, tratando-o como uma verdadeira missão urbana.

Precisamos desmistificar toda essa questão entre materiais seculares e cristãos, isso é mais uma ferramenta para isolar o sal da comida. Os “santinhos” com as musiquinhas “santas” dos “santos mercados fonográficos gospels” de um lado, e os diabinhos sem Cristo com o rock n’ roll do outro. O crente, consciente e maduro, cheio do Espírito Santo, sabe discernir o santo do profano, tem maturidade como Daniel para conviver na Babilônia sem se contaminar e ainda testemunhar com atitudes o caráter de Deus.

Contudo, se relacionar com a cultura ao redor é perigoso. Há grandes riscos. Ouvi um chapa dizer que para conhecer um cristão basta jogá-lo no mundo. Talvez essa seja a desculpa de muitos líderes para manter sua igreja naquela rotina medíocre, mantendo-a como um clube social. É verdade que muitos ao se relacionarem com a cultura caem, se desviam. Porém, quem se desvia, na verdade, nunca esteve no Caminho. Pensava que estava, o convenceram que estava. Um falso evangelho ou um conjunto de regras morais dogmáticas costuma convencer que fariseus se tornaram cristãos genuínos.

Líderes! Instruam suas ovelhas a se lançarem sobre a Pedra Fundamental e eles serão despedaçados e libertos das mazelas ocultas que os fazem tropeçar quando se relacionam com a cultura. Deus preferiu nos confiar à missão de evangelizar a terra do que a anjos, e Ele sabia que havia riscos! Quando nos enclausuramos dentro de uma zona conforto institucional com medo do mundo estamos pecando contra Deus!

Concluo te convidando a sair da bolha! Te encorajo a olhar diferente para aqueles maconheiros, adúlteros, prostitutas, avarentos e toda raça de gente que não faça parte do seu clube social eclesiástico. Olhe para eles com a mesma misericórdia que Deus olhou para você.

Sejamos relevantes! Deus abençoe!

terça-feira, 3 de maio de 2011

Ele Vê Além da Nossa Hipócrita Covardia


Por Marcello Comuna
Todos nós nascemos mentirosos.

Note que precisamos ensinar uma criança a fazer quase tudo; andar, falar, comer, ir ao banheiro e etc. Porém, a única coisa que não precisamos ensinar para uma criança é mentir.  A criança já nasce com esse instinto, de alguma forma, na sua inocência infantil, ela já sabe que falar a verdade causa riscos.

Deus fala muito comigo através da minha enteada, eu a conheci quando ela tinha apenas quatro anos, hoje ele tem oito, e observo através dela o porquê de Deus insistir tanto que sejamos como crianças. A facilidade dela em perdoar e não guardar rancor, de correr para perto de nós mesmo quando estamos zangados com ela por alguma arte que tenha aprontado, demonstra claramente como deve ser meu relacionamento com meu Pai e com meus irmãos. Porém, mesmo com toda essa beleza de sua inocência, sempre observei essa tendência à mentira, e quanto mais velha, mais tendenciosa a mentir ela fica.

E o que acho interessante, é que a mentira nessa etapa da vida é como um mecanismo de defesa, ela só mente para se livrar de alguma verdade que ela considere perigosa para ela. Uma arte na escola, em casa, ou um mal desempenho nas provas. Se nós como pais não formos devidamente enérgicos nessa fase, esse instinto natural tende a amadurecer e transformá-la em uma adulta completamente mentirosa.

Quantos adultos mentirosos você conhece?

Não tenho a pretensão de explicar o fenômeno da mentira em uma única postagem, mas gostaria de esboçar sobre as conseqüências de não combatermos a mentira severamente em nós mesmos.

Deus sempre vê além do queremos mostrar.

Eu sempre fui um mentiroso. Lembro-me que minhas mentiras começaram na infância e se estenderam para minha vida adulta. Semeei vento, colhi tempestades.

Como na infância, não mentia para prejudicar os outros, mas apenas para me defender. Mentia para me livrar da vergonha de ser pego em uma traição platônica, mentia para não “rodar” para os “homi”, mentia para justificar a falta no trabalho, mentiras consideradas normais para o cotidiano de uma sociedade com seus valores totalmente invertidos.

Acontece que quando você está diante de Cristo há duas escolhas a serem feitas. Ou você se torna apenas um religioso freqüentando uma igreja local e abdicando de alguns comportamentos passados, se esforçando para se encaixar dentro de um padrão moral, ou você se lança com toda sua força sobre a Pedra fundamental e se despedaça.

Eu escolhi a segunda opção. Foi aí que meus "problemas" começaram.

Eu descobri que com Cristo não há meias verdades. Não há meio adúltero, não há meio gay, não há meio estelionatário, não há meio arrogante, meio metido ou meio fingido.

Diante da verdade de Cristo você é desnudo, como Adão no Éden, você passa a ter consciência da sua vergonha, você é levado a uma sinceridade consigo mesmo que te obriga a tomar alguma atitude, e a meu ver, só existem duas escolhas; ou você foge do confronto ou você parte para porrada consigo mesmo.

Inicialmente fugir do confronto é mais confortante. Porém, a zona de conforto te leva à letargia espiritual, você apenas vegeta sobre uma mentira que você inventou para se justificar. No final, por mais que você lute, sua consciência vai triunfar sobre você, e o peso da derrota em continuar sendo um escravo de si mesmo vai ser insuportável, pois você estará sozinho no vale, sem Cristo. Será você, os livros de auto-ajuda, antidepressivos e milhares de frustrações.

Partir para a briga é diferente. Não há zona de conforto. Sua carne se rebela, Satanás a fermenta até que sua sujeição a Deus tenha sido o suficiente para que ele possa fugir de você. Como observador do cotidiano, o inferno conhece os pontos fracos daqueles que estão no ringue.  E ele é cruel, ele não hesita em usar todos os golpes e estratégias para derrubar os lutadores que surram o próprio corpo em amor a Deus. A mente é o seu campo de atuação predileto. Lembranças, especulações, conjecturas, visões, sonhos e ambições. São muitas as suas armas. Sementes diabólicas lançadas com a esperança que você nãos as trate com sinceridade, que você finja que elas não estão ali, para que com isso, elas possam descer e germinar no seu coração, e aí meu chapa, é nocaute!

Compreende a demanda? Há uma guerra e Deus vê muito além do que você queira mostrar. Deus está vendo todas as coisas que são da sua natureza humana e também está vendo a maneira como Satanás tem jogado o seu fermento sobre suas fraquezas.

A verdade é libertadora e seduz Deus para perto de nós. É como um incenso suave nas suas narinas, mesmo que a verdade seja podre. Parece paradoxal, mas é a real. Uma boca que verbaliza seus desejos mais promíscuos diante do Senhor, que tem coragem suficiente para relatar até as suas sensações físicas mais pecaminosas em um pedido sincero de socorro, atrai o Senhor para perto, atrai Jesus para dentro.

Por que você finge que não sente desejos homossexuais?

Por que você finge que não sente desejos por outras pessoas sem ser seu conjugue?

Por que você finge que não sente vontade de enfiar a mão na cara daquelas pessoas?

Por que você finge que não mataria estupradores, pedófilos e políticos corruptos?

Por que você finge que não sente inveja?

Por que você finge que não se sente o último biscoito do pacote, o mais importante, o mais santo?

Por que você finge que não sente pena de sim mesmo?

Por que você se permite ser tão idiota achando que o Deus que está nos mais altos montes e nos mais profundos abismos consegue ser lubridiado por sua omissões?

Tiago recomenda confessar nossos pecados uns ao outros para sermos curados, mas é inútil você ter um amigo confidente se você não confidencia diante do Senhor. Ele é o primeiro, e é Ele que preparará o irmão ou irmã certa para te ajudar caso seja necessário.

Não se exponha a qualquer um. Se preserve dos homens, mas se escancare para Deus.

As consequências de permanecer sendo um covarde diante de Deus são terríveis. Tenho muito medo de não conseguir receber meu Jesus de pé, mas prostrado de vergonha.

Sei que pela Graça fui salvo, mas Ele me convidou para um relacionamento transparente. Não existe fidelidade em meias verdades. Não se julgue fiel a Deus porque todo mês você entrega o seu dízimo ou sua oferta. Se Jesus mandou acertar as contas com o seu irmão antes de depositar no gazofilácio, quanto mais as suas pendências com Ele próprio. (Mt 5:24)

Se você está no ringue consigo mesmo e tem a sensação que está perdendo, saiba que é apenas uma sensação, uma sugestão satânica para te enfraquecer. Bem aventurado o que não vê e crê. Permaneça de pé mesmo que pareça estar distante. Logo Ele vem. Resista até o sangue. (Hb 12:4)

Para finalizar deixo para vocês a canção que me fez refletir sobre essas coisas. É uma música de um cara que admiro muito, Rodolfo Abrantes, ex. vocalista da banda de punk rock Raimundos. No auge do sucesso, Rodolfo teve um encontro com Cristo, um ano depois largou tudo para servir o Senhor. Foi ultrajado, cuspido e ofendido por quase todos ao seu redor por causa da sua fé.

Rodolfo nunca mais quis se associar aos grandes esquemas fonográficos, e hoje faz o seu som quase que independente e sem grandes divulgações. Ainda sim, Deus o leva por todo esse Brasil e no exterior para pregar as boas novas e testemunhar o milagre que o seduziu. Quando ainda era um incrédulo, Rodolfo foi curado de um câncer no estômago em fase avançada.

Glórias ao Eterno.


Livre, faz-me andar em tua paz, oh Deus,
que a desordem não consiga me alcançar.
Ao que vive, ao Eterno entrego mais do meu amor,
pois sei que em Ti eu tenho meu lugar.

E quando eu te ouvir me chamar,
que eu seja alguém que um dia vai

Em teus carros de fogo entrar no céu
e pelas ruas de ouro andar como quem venceu.
Por teu rio me guiar ao teu trono,
vim até o Teu altar pra dizer que És lindo e Santo.

Vem me examinar, sopra o Teu amor,
faz Teu vento vir sobre nós.
Vem me examinar, fogo do Senhor,
vem queimar o que é podre.

Vem me examinar, sopra o Teu amor,
faz Teu vento vir sobre nós.
Vem me examinar, fogo do Senhor,
vem queimar o que é podre.

E quando eu te ouvir me chamar,
que eu seja alguém que um dia vai

Em teus carros de fogo entrar no céu
e pelas ruas de ouro andar como quem venceu.
Por teu rio me guiar ao teu trono,
vim até o Teu altar pra dizer que és lindo e Santo.

"Me despirei de tudo o que eu sou,
pois, sei quem És
e que os teus olhos vêem além,
do que eu queira mostrar.

Me renderei aos Teus pés, Senhor,
pois onde eu me esconderei de Ti?
Se onde eu for,
tua luz vai me alcançar..."