Pirataria Ideológica

Por Marcello Comuna

Vivemos a era da falsificação.

Nunca antes na historia desse país (rs) e do mundo a pirataria andou tanto em alta. 

Quando falsificavam somente produtos já era ruim, mas agora é pior, falsificam ideologias.

Veja o que fizeram com o movimento hip-hop. Para quem não sabe, o hip-hop é um movimento sócio cultural, que trabalha com elementos culturais para evitar a entrada de jovens no crime. Em suma, o hip-hop é formado por quatro elementos: break, grafiti, os Djs e Mc's (Mestres de Cerimônia).

Usando a dança (break), a pintura (grafiti), a criação das músicas (Dj) e as rimas (Mc), o movimento levanta sua bandeira contra as mazelas de um povo sofrido, esquecido pelas autoridades, a mercê do tráfico de drogas e de toda sorte de criminalidade.

Porém, o Rap (sigla para ritmo e poesia em inglês) se destacou mais que o movimento em si quando as gravadoras enxergaram nesse estilo musical um mercado promissor. Existem sazonalidades entre o rap americano e o nacional. Lá nos States, o rap movimenta milhões de dólares por ano, chegando à casa dos bilhões.

Não demorou e a ideologia do hip-hop foi pirateada por um produto falso, extremamente capitalista. Os grupos que falavam de consciência social perderam espaço para rappers idiotas cantando coisas sobre sexo, drogas, armas e dinheiro. Muito dinheiro. A ostentação passou a fazer parte da propaganda do rap. Hoje, quem não se aprofunda no assunto, pensa que o movimento hip-hop é o que os vídeos clipes dos artistas americanos mostram. Ou seja, corra desesperadamente atrás do sonho americano. Como diria o título do cd do rapper 50 Cents: “Fique rico ou morra tentando”. (Isso seria um bom nome para campanha da Universal)

Isso não te lembra um certo evangelho que anda sendo pregado por aí? Isso não te lembra o que fizeram com um evangelho que NÃO anda mais sendo pregado por aí?

Piratearam a ideologia do evangelho. Façamos uma analogia.

A idéia central do evangelho, a salvação através de Jesus Cristo, o arrependimento dos pecados, foi pirateada por salvação através das cédulas de cem no gazofilácio, pecados passaram a serem somente erros, compreendidos pela infinita misericórdia do Pai, sem consequências, sem inferno, no melhor estilo Rob Bell.

Assim como o rap se destacou mais que o movimento, as bênçãos divinas se destacam mais do que o próprio Divino.

Assim como mc’s comprometidos com as causas sociais foram deixados de lado, os pastores que pregam a genuídade das Escrituras foram esquecidos, substituídos por aqueles que fazem promessas em nome do sagrado.

Assim como no hip-hop, quem não se aprofunda nas Escrituras, pensa que o evangelho é a teologia da prosperidade.

A inclusão social através do amor, o dividir o pão, foram substituídos por cada um por si, farinha pouca meu pirão primeiro, e se tu não tem fé para fazer o sacrifício da fogueira santa o problema é seu! Eu! Eu! Eu! O filho da promessa aqui sou eu!

A simplicidade do Nazareno, a conformidade paulina com a soberana vontade do Pai, foram substituídas pela glória de Salomão, pela oração pirracenta do rei Ezequias.

A história do povo de Israel na Antiga Aliança passou a ser mais importante que as prescrições do Novo Testamento para nós!

As autoridades tem se esforçado para tentar refrear o tsunami da pirataria. Recentemente aqui no Rio, houve uma mega operação no maior centro de pirataria do Estado, o camelódromo da Uruguaina. Foram apreendidos milhões em mercadoria pirata.

E nós, comprometidos com a originalidade das Escrituras, o que estamos fazendo para frear o avanço da pirataria do evangelho?

Eu tenho certeza que textos apologéticos bem escritos na internet ajudam muito, mas ainda é muito pouco. Milhares não têm acesso à grande rede.

Calejemos nossos joelhos implorando misericórdia por nosso comodismo na nossa zona de conforto virtual.

Se a revolução já começou no seu interior, talvez seja o momento de externá-la olho no olho dos perdidos e enganados.

Todos juntos contra a pirataria da ideologia do Evangelho do nosso Senhor Jesus Cristo.

Que Deus nos ajude.