Por Marcello Vieira
Diante da necessidade humana exacerbada
de rotular o outro, de colocar tudo dentro de uma caixinha ou de uma fórmula,
há de reconhecer-se que houve grande banalização do sacramento, do puro e do
divino por conta da falta de ética religiosa e ferozes ataques do relativismo.
O quê é santo? O quê é puro? Vivemos em uma Era que crer no absoluto é ser retro
e preconceituoso (quem lê entenda). Sendo assim, assumir algum rótulo para si
não é uma garantia que o sentido literal do rótulo usado será compreendido. Por
exemplo, quando digo que sou evangélico, quase nunca sou visto como um
subversivo do amor, um revolucionário desarmado lutando para intervir
positivamente na história ao meu redor. Literalmente, evangélico é aquele que
carrega os atributos do evangelho. Ora, que enorme elogio deveria ser
reconhecido como evangélico! Porém, em tempos de Festival Promessas, Teologia
Triunfalista, aberrações experimentalistas transvestidas de poder de Deus, o
termo evangélico tornou-se pejorativo e ganhou outros significados no
inconsciente coletivo popular. Alguns
deles são o de: Intolerante, homofóbico, irrelevante, egoísta, mau caráter,
fanático religioso, entre tantos outros. É ou não é?
Quantas vezes você não se acanhou
em dizer que era evangélico, não por
vergonha do evangelho, mas com receio da leitura equivocada que fariam de
você?
Infelizmente, devo admitir que a
própria igreja, em muitos casos, foi a grande responsável por esses adjetivos
pejorativos. Contudo, gostaria de trazer luz a uma verdade aos que não estão
aprofundados no mundo teológico cristão. Uma verdade desconhecida por esses.
A Igreja (um grupo chamado para fora) que teve por fundador
Jesus de Nazaré, foi criada com a proposta de subverter o status quo corrompido
com o maior e melhor livro revolucionário da história - O Evangelho. Esse livro revoluciona o ser humano de dentro para fora trazendo respostas as
inquietudes da alma. E aprouve a Deus,
confiar tão nobre tarefa a homens pecadores, causando certo “ciúme” até mesmo
nos anjos, que adorariam exercer essa função revolucionária de evangelizar a
Terra, como nos relata o apóstolo Pedro.
Contudo, hoje, aquela que deveria
ser a maior instituição revolucionária da história, causando uma intervenção
direta na sociedade como um todo, com exemplos de retidão e amor ao próximo,
transformou-se em empresa, em partido político corrupto egocêntrico, em
prostíbulo do sagrado – A Igreja da Besta, como narra o livro de Apocalipse,
sentada no trono presumindo-se Deus.
Porém, como sempre foi na
história, existem os remanescentes, aqueles que se mantiveram fiéis aos
princípios da revolução do Amor proposta por Cristo. Esses guerrilheiros não
levantam armas de fogo, sua força bélica é a paixão pela oração feita por Jesus
naquela antiga montanha, na qual ele dizia: “Venha a nós o TEU REINO, seja
feita a tua vontade assim na terra como nos céus”.
A munição desse exército marginal
são as palavras do discurso mais subversivo de Jesus, aquele que quebrou e
continua quebrando um velho paradigma:
“Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo.
Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus;” Mateus 5:43-44
Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus;” Mateus 5:43-44
Hoje, tenho a impressão de existirem somente duas igrejas na
terra. Aquela que se estabelece em todo lugar onde há o encontro desses
remanescentes da revolução genuína do evangelho, aquela que subverte a miséria
em esperança, aquela que subverte o ódio em amor, aquela que subverte o pecado
em redenção, e a outra - aquela que arrasta multidões, que auto rotula-se
igreja de Deus e que, por conta do seu marketing empresarial, usurpou o lugar
no inconsciente coletivo da verdadeira igreja proposta por Cristo.
Creio que a nossa função, nosso
chamado e maior desafio como remanescentes é, com todo o esforço nos enquadrar
dentro de Mateus 5:43-44. Se assim não for, toda nossa boa obra, toda nossa
denúncia e toda nossa apologética serão queimadas pelo fogo da transparência que
sairá dos olhos Daquele que tudo vê desde sempre. Quando cada ser humano
estiver diante do Reis dos reis, o olhar d’Ele penetrará as câmaras mais
profundas das motivações humanas. Nesse dia, eu quero me prostrar em adoração e
não em vergonha.
Por conta disso, pegando um
gancho com o Ricardo Gondim, eu também me declaro rompido com o movimento
evangélico. Rompo porque hoje esse nome e movimento não representam o
verdadeiro Evangelho. Rompo sem medo, porque os valores são mais importantes do
que um termo. Não me rotulo assim. Na verdade, rótulos não me cabem, minha
liberdade conquistada na cruz através de Jesus me faz leve e livre demais para
esse quintal.
Nem comuna, nem capitalista, nem
plebeu e nem burguês. Nem calvinista, nem arminiano, nem reformado e nem pentecostal.
Eu sou o quê o sou!
Mas se você ainda tiver essa
grande necessidade de me enquadrar em um rótulo, pode me chamar de um pequeno
discípulo de Cristo, apenas um rapaz latino americano subversivo do amor, ou
simplesmente, um cristão protestante. Um protestante da paz, um militante contra
a herança babilônica egoísta e hedonista que se rebela contra a implantação
total do Reino de Deus na terra. Apenas um homem que acredita no poder do verdadeiro
evangelho para transformar tudo em todos.
Soli Deo Gloria
Cara, um grande texto! Fico orgulhoso em te ler. Achei bárbara tua visão e tua posição. Corajosa e eloquente! Bravo Marcellinho!!
ResponderExcluirTexto individualista.Podemos pensar que é católico ou espírita.
ResponderExcluirPeregrino,
ResponderExcluirNão sou um cristão da igreja católica romana e tão pouco espírita.No último parágrafo eu dei um alento para os todos que assim como você, são dependentes dessa necessidade de rotular.
Abraços fraternos,
Puxa cara gosto muito dos seus Post's acho que até hoje não perdi um, tenho a mesma linha de pensamento da sua, o mais legal que disse no final do texto é o que faço quando me perguntam minha religião, eu apenas digo sou um pequeno discipulo de Jesus é engraçado a reação das pessoas, que chagam a pensar que é uma nova religião!
ResponderExcluirPosso te add no Facebook?
Abraço brother, fica na Paz do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo!
Obrigado pelo estimulo Ricardo.
ResponderExcluirFique à vontade para me add.
Abraços fraternos.
Paz meu irmão. Fico feliz em saber que não estamos sozinhos na "nossa loucura" - digo "nossa" pois aqui na minha localidade somos muitos - doce loucura! Não que eu esteja com aquela síndrome do profeta Elias que dizia: "senhor, só eu fiquei, snif! mas é revigorante ver O Senhor Jesus zelando pela sua igreja. Pra mim também é "The End". Não consegui mais empurar com a barriga isso que eu teimava em chamar "Igreja de Cristo". Hoje sou livre em Jesus para amar pessoas, falar as pessoas e ser chamado de amigo por qualquer um. Hoje sou discípulo 24 horas por dia (tento ser pelo menos, mas eu chego lá), mas não me esqueço dos que ficaram pelo caminho, de vez em quando, volto e dou mão pra quem quiser vir comigo, o NÃO quase sempre é resposta, mas oro pra que esses que ficaram a beira do caminho se entreguem a proposta de Jesus e saiam jubilosos, dessa vez NO CAMINHO, dizendo: Ele me salvou! abraço, maranata!
ResponderExcluirhttp://igrejadetodolugar.blogspot.com.br/
ExcluirA cada dia que passa, desde que me "desadunei", sinto-me ambarado no caminhar, no caminho da verdade.
ResponderExcluirVejo a caminhada de uma coletividade solitária e solidária no rumo traçado por Deus, através de JESUS.
Uma revolução construtiva na célula da humanidade o homem (para os puristas, nesse termo está igualmente
compreendida a mulher).
Caro Marcelo, é confortante caminhar ao teu lado.
Que Deus tenha misericórdia de todos nós.
Guaracy Martins.