SUBVERTA

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segunda-feira, 25 de março de 2013

Igrejas: Aprendam com os Bares! Um insight sobre músicas nos "cultos".

Por Marcello Comuna
Tenho andado sem paciência. Optei em fazer nada ao invés de ficar fazendo o mais do mesmo. Meu tempo é precioso demais e eu não sei quanto tempo tenho para ficar enxugando gelo. Não consigo mais ficar fingindo. Lembrei de uma música que diz: "Gente que tem coragem não finge". Letra do Rodolfo Abrantes, um cara de coragem que parou de fingir que era feliz no Raimundos e seguiu outro rumo, mesmo tomando muita pedrada dos "amigos". Tô nessa aí também, até encontrar meu lugar ao sol. Estou investigando.

Não tenho mais saco para o hedonismo bobo e vazio do sexo drogas e rock n' roll. Nem tão pouco para a ilusão de uma vida cheia de dogmas impostos pela religiosidade de qualquer religião. Conheci um negócio chamado Graça Divina e não tenho mais como voltar atrás. A Graça é plural em cor, som, gosto e forma. As religiões dos homens são monocromáticas.  

Isso é bem notório na escolha do repertório das músicas que são tocadas nos cultos. Quando questionados, muitos líderes e pastores afirmam que a música não é escolhida para que a igreja goste, mas para que o Eterno se agrade.

Bom, espero um dia alcançar a intimidade desses homens, porque eles sabem até quais as músicas Deus gosta. 

É lógico que não sabem. As músicas são escolhidas a partir do seu bel prazer ou de experiências transcendentais com a divindade.

Na maior parte do senso coletivo religioso o momento de “adoração” é aquele tempo em que a igreja adora a Deus através das canções, é quando as pessoas tem a oportunidade de fazer suas declarações de amor e gratidão ao Pai. Também é comum a ideia de que: “ é o momento em que os corações são preparados para o recebimento da palavra”.

Então, se é o meu momento de cantar meu amor ao Mestre, é mais do que óbvio que eu queira fazer isso com as canções que eu me identifique e aprecie. Ou por acaso alguém faz uma serenata para a amada com músicas que não suporta? Você já viu um roqueiro cantando um pagode para se declarar a sua namorada ou vice versa?

Lógico que não.

Mas se a igreja é plural, como agradar a todos?

Acontece que esse comportamento monopoliza os gostos e castra a diversidade. A igreja que deveria ser um sinalizador da eternidade, um lugar com todas as tribos adorando ao Senhor e vivendo em harmonia, tornou-se um gueto de gente singular. Gente que fala igual, ora igual, se veste igual e ouve música igual. Ou seja, a igreja não é plural! Deveria ser, mas não é! 

A preocupação não é agradar a todos, isso seria uma falácia. O questionamento aqui é a falta de diversidade em nosso meio. Nossa nação tem uma das culturas musicais mais ricas do mundo e ainda sim nossos encontros são pobres de diversidade. Toca-se o mesmo ritmo sempre - e pior, um ritmo importado!

Quantas vezes você viu um berimbau na igreja? Uma percussão? Uma sanfona? Uma gaita? Uma pick up? O quê rege as adorações da sua igreja, a música popular brasileira ou música popular americana? Sua igreja está cheia de versões das músicas estrangeiras ou dá espaço para os talentos nacionais?

A educação vem do púlpito. Enquanto o farol emitir a mesma cor de luz tudo será mais do mesmo. Os músicos estão para servir a comunidade. A comunidade deve ter o direito de opinar o que quer cantar ao Pai. Mas as comunidades se tornaram guetos de pessoas alienadas gravitando ao redor de pastores e líderes que não podem ser questionados.

A cada dia dezenas de pessoas começam a frequentar os cultos evangélicos. A cada dia dezenas de pessoas entram no ciclo da singularidade medíocre.

Ok, Comuna! Me convenceu! O que devo fazer, então?

Aprenda com os bares! (Aí meu Deus! Ele escandalizou!)

Um músico de barzinho está ali para alegrar as pessoas com belas canções. Os músicos da igreja devem ser guiados pelo mesmo principio: Direcionar as pessoas a alegria musical de declarar-se apaixonadamente a Deus com as músicas que elas gostam. Músico não é levita e nem alguém com função especial. Ele é servo como qualquer outro. Está ali para servir os irmãos que reuniram-se para ouvir reflexões sobre as Escrituras - que são o destaque da reunião. Música é complemento - cereja do bolo.

Músicos precisam abaixar a bola, principalmente líderes de louvor, que muitas vezes são os mais arrogantes de uma congregação. Parece síndrome de Lúcifer.

Enfim, de forma pragmática a mudança seria mais ou menos assim:

Crie uma caixa para coleta de sugestões de músicas;

Depois façam o filtro pelas letras. Elas devem ser sempre cristocêntricas;

A maioria do repertório deve ser em terceira pessoa. Somos uma COMUNIDADE cantando ao Pai. Precisamos de menos "meu pão" para termos mais "nosso pão". 

Valorize a pluralidade dos ritmos;

Valorize a musicalidade brasileira. A fé é universal e as igrejas devem se adaptar as culturas locais. Liberte-se do colonialismo americano! Isso não quer dizer que não possa ter estilos gringos, mas eles não devem priorizar reuniões feitas no Brasil;

(É tão óbvio que até me irrito em ter que explicar isso).

Valorize os compositores da igreja. Eu conheço um lugar onde há talentosos compositores e nenhuma de suas canções são aproveitadas. Que desperdício do dom alheio(!);

Incentive a busca pelo novo. Apresente novos artistas, principalmente os que não tocam nas rádios. Na maioria das vezes os melhores não estão lá;

Seja sincero com a congregação sobre as mudanças. Explique. Não tenha medo de parecer humano.

A priori essas são algumas ideias que veem a minha cabeça. Isso não é uma receita de bolo. É apenas uma sugestão de caminho que pode ser adaptada a realidade local.

Provavelmente sua igreja deva estar cauterizada com a mesmice que você vem aplicando ou reproduzindo há anos. Então, comece devagar. Traga o novo aos poucos. Insira duas músicas diferentes aqui, mais outra ali na frente até alcançar a pluralidade. Fuja dos rótulos. Igrejas não devem ser estigmatizadas como dos surfistas, dos skatistas, dos undergrounds, das pessoas comuns e etc. Igreja é um grupo chamado para fora com todo o tipo de gente. 

A tolerância com a diversidade deve partir de cima dos púlpitos. Como sua igreja irá aprender a conviver respeitosamente com a pluralidade se a cada encontro são feitas as mesmas coisas de sempre?

Se você está começando uma igreja, fuja dessa armadilha. Não precisamos de mais gente fazendo o mais do mesmo. Principalmente os desigrejados. Cuidado para não cometerem os mesmos erros dos seus pais usando apenas uma roupagem diferente pós moderna.

Se estou certo, que Deus te convença. Se estou errado, que Ele convença a mim.

Redenção e subversão em Cristo.



sexta-feira, 1 de março de 2013

O Rio de Deus e o Nosso Esgoto.

Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração. 
Atos 17:28

Paulo no Areópago discursando para os atenienses explanava esse fundamento da fé. No relato mais brilhante sobre evangelismo descrito nos atos dos apóstolos, Paulo demonstra total conhecimento sobre Graça Comum quando cita os poetas gregos para explicar a ação gestacional do Criador: “Pois somos também sua geração”.

Povo gerado: A ação de gerar vida e manter a existência. Como Senhor absoluto de todas as coisas, Deus preenche todas as lacunas do espaço físico, sobrenatural e atemporal. Sua onipresença não se limita a geografia, Ele é onipresente também no tempo. Davi cantava no passado: “Se subo o mais alto monte ou se desço o mais profundo abismo, lá está você”.

Não existe vácuo de Deus. Não há existência fora dele. A plataforma de sustentação do universo está em suas mãos. Foi isso que o Pai revelou a Pedro após a evasão dos ouvintes de Jesus. Quando o Mestre pergunta: “Vocês também não vão?”. O pescador responde: “Para onde iremos se só Tu tens as palavras de vida eterna?”. Tudo que pensamos e realizamos nele fazemos. Nele acordamos e dormimos, subimos e descemos, paramos e nos movimentamos: Nele existimos.

E Nele pecamos.

Eis a gravidade do pecado sobre toda espécie. Quando um pecado é cometido, é cometido sobre, sob e em Deus. Moisés foi convidado a retirar suas sandálias por estar entrando em solo santo. Nós estamos inseridos em uma existência totalmente sagrada, porque quem permite a vida é o Sagrado. O nosso pecado é como um balde de esgoto sobre o manto alvo do Criador.  É por isso que Pedro conversando com Cristo após o episódio do jovem rico o questiona perplexo: “Então quem poderá se salvar”?

O jovem rico era um judeu padrão. Nos tempos de hoje ele é como muitos. Criado na igreja, observador da bíblia, freqüentador da escola bíblica dominical e estudioso; sem beber, fumar ou cheirar coisa alguma, guardando-se sexualmente para o casamento e etc. Padrão. Religioso padrão. Seguindo o esquema – sem fugir do roteiro de bom moço católico/evangélico.

Ainda sim, essas coisas não eram garantias de acesso ao Reino dos Céus. Quando o jovem interpela Jesus sobre o que faltava para salvação, o Mestre é enfático e o leva a uma viagem dentro das câmaras do seu coração, descortinando a demagogia daquele moço que observava os mandamentos desde menino, contudo, ainda não os tinha absorvido no seu interior. Cristo o desafia a encarnar a mensagem que ele estudava desde sua infância com duas ações:

1 – Vender tudo que tinha e doar aos pobres. Não se tratava de dinheiro, de comunismo ou qualquer ideologia. Tratava-se de viver em prol do outro. Tratava-se de amar a Deus acima de todas as coisas e o próximo como a si mesmo. Os dois maiores mandamentos. O jovem atendia o padrão do sistema, mas não o de Deus.

2 – Seguir o Cristo de Deus. Há uma diferença entre ser convencido no Evangelho e ser convertido pelo Evangelho. Milhares de pessoas escutam o Evangelho desde pequenos, mas são incapazes de reconhecer o Senhor em uma esquina. As ovelhas reconhecem a voz do seu pastor. Somos chamados ao privilégio de caminhar o caminho de Cristo, ele é o caminho. Não há outro alvejante além do sangue de Jesus capaz de limpar a podridão do esgoto que derramamos sobre a plataforma santa do Criador. Blasfemamos contra um Deus santo no nosso pecado e por isso somos dignos de sua ira. Salvação para nós é impossível – mas o Amor faz possível todas às coisas.

O Pai sustenta a existência no sacrifício do Filho. O Filho é a reconciliação. O filtro que côa nossos pecados e que aplaca a ira causada por nossas transgressões.

Se Nele nos movemos, vivemos, existimos e pecamos. Somente Nele somos perdoados e justificados.

Nele sejamos abençoados.

Amém.