SUBVERTA

Pesquise as verdades primitivas aqui.

sábado, 23 de abril de 2011

Dois Paradoxos da Morte de Cristo

Não é de surpreender que o maior acontecimento da história mundial seja complexo.
1) Por exemplo, sendo que Jesus Cristo é homem e Deus em uma única pessoa, sua morte foi a morte de Deus? Para responder a essa questão, precisamos falar das duas naturezas de Cristo, uma divina e uma humana. Desde 451 AD, a definição calcedônica das duas naturezas de Cristo em uma pessoa tem sido aceita como o ensino ortodoxo das Escrituras. O Concílio de Calcedônia afirmou,
Nós (…) ensinamos que se deve confessar (…) um só e o mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, a ser reconhecido em duas naturezas, inconfundíveis, imutáveis, indivisíveis, inseparáveis, sendo que a distinção das naturezas não é de modo algum anulada pela união, antes a propriedade de cada uma é preservada, concorrendo para formar uma só pessoa e em uma subsistência; não separado nem dividido em duas pessoas, mas um só e o mesmo Filho, o Unigênito, Deus, o Verbo, o Senhor Jesus Cristo.
A natureza divina é imortal (Romanos 1.23; 1 Timóteo 1.17). Ela não pode morrer. Isso é parte do que significa ser Deus. Portanto, quando Cristo morreu, foi sua natureza humana que sofreu a morte. O mistério da união entre a natureza humana e a divina na experiência da morte não nos é revelado. O que sabemos é que Cristo morreu, e que no mesmo dia ele foi ao paraíso (“Hoje estarás comigo no paraíso,” Lucas 23.43). Sendo assim, parece ter havido consciência na morte, de modo que a união contínua entre a natureza humana e a divina não precisasse ser interrompida, ainda que Cristo tenha morrido somente em sua natureza humana.
2) Outro exemplo da complexidade do evento da morte de Cristo é a forma como o Pai a experimentou. O ensino evangélico mais comum é que a morte de Cristo foi que ele experimentou a maldição do Pai. “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro)” (Gálatas 3.13). A maldição de quem? Poder-se-ia suavizar a questão, dizendo, “a maldição da lei.” Mas a lei não é uma pessoa para que possa amaldiçoar. Uma maldição só é uma maldição de fato se houver alguém que amaldiçoe. A pessoa que amaldiçoa por meio da lei é Deus, que escreveu a lei. Portanto, a morte de Cristo pelo nosso pecado e por nossa transgressão da lei foi a experiência da maldição do Pai.
É por essa razão que Jesus disse, “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mateus 27.46). Na morte de Cristo, Deus lançou sobre ele os pecados do seu povo (Isaías 53.6), os quais odiava. E em ódio por esse pecado, Deus deu as costas a seu Filho carregado de pecados, e o entregou para sofrer todo o poder da morte e da maldição. A ira do Pai foi derramada sobre Cristo em nosso lugar, de forma que sua ira para conosco foi “propiciada” (Romanos 3.25) e removida.
Mas aqui está o paradoxo. Deus aprovou profunda e alegremente o que o Filho estava fazendo naquela hora de sacrifício. De fato, ele havia planejado tudo aquilo, junto ao Filho. E seu amor pelo Deus-Homem, Jesus Cristo, sobre a terra se deve à mesma obediência que levou Cristo à cruz. A cruz foi o ato de coroação de Jesus, por sua obediência e amor. E o Pai aprovou e se alegrou profundamente nessa obediência. Por isso, Paulo faz esta maravilhosa declaração: “Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave” (Efésios 5.2). A morte de Jesus foi um perfume para Deus.
Assim, temos aqui mais uma gloriosa complexidade. A morte de Cristo foi a maldição de Deus e a ira de Deus; contudo, e ao mesmo tempo, foi agradável a Deus e um doce perfume. Embora tenha dado as costas ao Filho e o tenha entregado para morrer carregado com o nosso pecado, ele se deleitou na obediência, no amor e na perfeição do Filho. Portanto, temamos maravilhados, e olhemos com uma trêmula alegria para a morte de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Não há acontecimento maior na história. Não há nada maior para as nossas mentes considerarem, ou para nossos corações admirarem. Mantenha-se próximo à morte de Cristo. Tudo o que há de importante e de bom está reunido nela. Ela é um lugar sábio, importante e feliz para se estar.


 Por John Piper © Desiring God. Website: desiringGod.org
Tradução por: Jonas Braga. Disponibilizado por: gospeltranslations.org

7 comentários:

  1. olá marcelo, tudo bem?

    gostaria de tecer algumas considerações a este teu complexo e paradoxal texto.

    como você bem disse, foi um concílio que decretou as duas naturezas de jesus. o próprio jesus, salvo melhor interpretação, jamais se disse tendo duas naturezas, jamais disse que era o deus javé encarnado, bem ao contrário, ele sempre se dirigiu a javé como "pai" e "meu deus".

    eu acredito que o que calcedônia decretou criou mais problemas do que soluções. creio também que essa compreensão de jesus deva ser superada pelo o que é mais simples e factível: jesus tinha apenas uma natureza, a humana; ao mesmo tempo possuia sobre si a missão messiânica de anunciar o reino de deus.

    o que realmente se quer dizer quando se diz que jesus é deus? que ele é o deus javé do antigo testamento ou que ele é uma pessoa divina separada de javé mas com a mesma essência divina deste?

    foi javé que encarnou em jesus? se foi, o que você diz se torna incompreensível:

    "...E em ódio por esse pecado, Deus deu as costas a seu Filho carregado de pecados, e o entregou para sofrer todo o poder da morte e da maldição. A ira do Pai foi derramada sobre Cristo em nosso lugar,"

    ora, se jesus era jave, deus encarnado, ele não poderia dar as costas a si mesmo e ao mesmo tempo receber em si os pecados e abandonar a si próprio ao ponto de jesus dizer "pai por que me desamparaste".

    bem, marcello, isto aqui é apenas uma reflexão e não estou anulando a sua compreensão teológica, estou apenas dialogando a partir do que você escreveu.

    estou falando isso por que tem alguns irmãos que acham que quando eu questiono as suas teologias ditas ortodoxas, eu estou atacando a "verdade", ou estou negando a divindade de jesus, e que eu sou um herege pretensioso,etc, etc, etc.

    também tenho que esclarecer que sempre digito meus comentários em minúsculas para melhorar a rapidez da escrita. digo isso também por que alguns dos ditos irmãos cismam que eu escrevo deus e jesus com minúsculas apenas para menosprezá-los.

    pois saiba que minhas intenções não são nada parecidas com isso. meu desejo é sempre a dialética.

    abraços

    ResponderExcluir
  2. Edu,
    Você é uma benção cara! Mesmo não concordando com alguns dos seus pontos de vista, eu insisto em dizer que as pessoas deveriam ser mais questionadoras como você é!
    A doutrina da trindade realmente é complexa, e meu entendimento sobre ela é limitado, sabe como é, ainda estou vendo por partes até o dia que verei por inteiro. Então, dentro dessa minha limitação, compreendo a trindade como os três estados da água. A água estando sólida, gasosa ou líquida, continua sendo água. Eu vejo o Pai e o Filho como Deus, porém manifestados de formas diferentes. Sendo assim, creio que mesmo existindo um só Deus, Ele possa se dividir e se manifestar na trindade. Sei que pode parecer simplista demais essa teologia para alguns, principalmente para você, mas eu me sinto confortavelmente edificado e satisfeito com ela.
    E concluindo, não fui eu que escrevi o texto, foi o John Piper.
    Abraços fraternos meu camarada.

    ResponderExcluir
  3. Edu, Colossense 2.9 diz:Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade. E aí?
    E em( Filipenses 2.6). " Que sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus” A passagem ensina a deidade absoluta de Jesus Cristo. O Verbo grego usado "SENDO", nessa passagem significa subsistir, existir, isso quer dizer que Cristo existia e existe na forma de Deus. " Que sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus" mostra que Jesus era Deus antes da sua encarnação, ( Fp 2.7) " Tomando a forma de servo" O Verdadeiro Deus tornou-se Homem; para nos revelar seu amor e salvação. ( 2 Cor 8.9) Paz!

    ResponderExcluir
  4. ok, marcello, pensei que o texto você seu...rsss

    e olha, não me considero um "questionador profissional" em matéria teológica mas é que a própria natureza da teologia (como o dogma da trindade que também foi estabelecida num concílio mas que não está declarada nitidamente na bíblia)se dá a diversas construções.

    eu acredito que dogmas e teologias se discutem, fé não.

    valeu, abraços

    ResponderExcluir
  5. querida amiga rô. veja se a frase

    " Que sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus" não quer dizer que paulo entendia que o jesus pré-encarnação existia em "forma" de deus e não, "era" deus, já que não quis usurpar o ser igual a deus? se ele fosse deus por que poderia querer usurpar a posição de deus sendo igual a ele?

    esses versos são muitos complexos e mereceriam várias páginas de textos, o que não dá para fazer aqui.

    e além do mais, o que paulo escreveu foi o que ele escreveu. não quer dizer que todos devem concordar com tudo o que ele pensava.

    marcello, desculpe alugar teu blog para responder à nossa querida amiga.

    abraços

    ResponderExcluir
  6. Edu, o Senhor Jesus, o Homem-Deus, se fez semelhante aos homens (Fp 2.6-8; Rm 8.3), e não igual a eles.
    O Segundo Adão, o Deus-Homem, é do céu. Ele tomou a forma humana. Ser igual é diferente de ser semelhante ou estou enganada?

    ResponderExcluir

Expresse sua opinião, ela é super importante! Comente esse texto!